Tempestades no Rio Grande do Sul resultam em 31 mortes, causam inundações em áreas urbanas e deixam moradores isolados, aguardando resgate.

As fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul provocaram uma devastação sem precedentes, resultando em pelo menos 31 mortes desde segunda-feira (29).

Segundo a Defesa Civil estadual, as chuvas afetaram 235 municípios, deixando 7.165 pessoas em abrigos e outras 17.087 desalojadas. No total, 351.639 pessoas foram afetadas e 56 ficaram feridas até o momento.

A dificuldade de acesso, combinada com as condições climáticas adversas, tem dificultado os esforços de resgate e a restauração da energia elétrica para mais de 320 mil residências, de acordo com as concessionárias RGE e CEEE Equatorial. Além disso, cerca de 542 mil clientes da concessionária Corsan estão sem água potável.

Diante dessa situação crítica, o governador Eduardo Leite decretou estado de calamidade pública e fez um apelo urgente aos moradores de áreas de risco para que busquem refúgio em locais seguros.

A recomendação de evacuação incluiu cidades do vale do Taquari, como Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado e Lajeado. Posteriormente, o alerta foi estendido para moradores das cidades serranas próximas ao rio Caí, como Gramado, Canela, São Francisco de Paula, Nova Petrópolis, Vale Real e Feliz.

Em Estrela e Lajeado, o nível do rio Taquari atingiu a marca histórica de 30 metros, superando as enchentes de 2023 e 1941, de acordo com o MetSul. Em Putinga, uma casa foi arrastada pela enxurrada e há o risco iminente de rompimento da barragem de Santa Lúcia, que poderia inundar toda a área central da cidade.

Para minimizar os danos, a prefeitura anunciou medidas para aumentar a vazão do duto extravasor da barragem de Santa Lúcia. Além disso, a barragem 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, teve um rompimento parcial, mas os efeitos não devem ser tão devastadores devido ao nível já elevado do rio.

As operações de resgate estão sendo prejudicadas pelas condições climáticas adversas, com aeronaves enfrentando dificuldades para chegar a áreas isoladas. A Força Aérea Brasileira está usando óculos de visão noturna para auxiliar nos resgates.

Até o momento, pelo menos 110 pessoas foram resgatadas, incluindo oito pacientes em hemodiálise, duas gestantes e uma criança em estado crítico. Em São Sebastião do Caí, um aposentado foi resgatado após ficar ilhado em sua casa.

A situação continua crítica em todo o estado, com estradas e pontes bloqueadas devido a deslizamentos e inundações. Além disso, serviços essenciais como internet e telefonia foram interrompidos em várias cidades.

Diante da previsão de aumento do nível do lago Guaíba, a Prefeitura de Porto Alegre iniciou a operação de fechamento das comportas da cidade. O governo alerta para a importância da segurança e evacuação imediata das áreas de risco.

A situação permanece em constante monitoramento pelas autoridades, com esforços concentrados na segurança e assistência às vítimas dessa tragédia.