Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter anunciado o término da emergência global causada pela covid-19, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com a revista científica The Lancet, revelaram que uma proporção significativa de pessoas infectadas pelo vírus ainda enfrenta riscos de desenvolver complicações pulmonares mesmo após receber alta hospitalar.
De acordo com o estudo, realizado com 237 pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, mais de 90% deles apresentaram algum tipo de comprometimento respiratório após sua recuperação da doença, incluindo casos graves como inflamação pulmonar e fibrose. Essa análise foi conduzida 18 a 24 meses após a alta hospitalar.
Os pesquisadores, liderados pelo renomado professor Carlos Carvalho, enfatizaram que todos os participantes do estudo foram casos graves de covid-19, hospitalizados entre março e agosto de 2020, quando a vacinação ainda não estava disponível.
É importante ressaltar que, devido às variantes do vírus, estudos anteriores indicaram que certas cepas, como a Ômicron, podem apresentar menor probabilidade de causar sintomas prolongados de covid-19.
Outra análise, realizada nos Estados Unidos com quase 5 milhões de pacientes, mostrou que uma em cada 16 pessoas infectadas com a Ômicron procurou atendimento médico meses após a infecção, devido a sintomas persistentes da doença.
O estudo também confirmou que fatores como o tempo prolongado de internação, a necessidade de ventilação mecânica invasiva e a idade avançada aumentam o risco de complicações tardias, como a fibrose pulmonar.
Carlos Carvalho ressaltou que o período pós-covid continua sendo um desafio para a comunidade médica e científica, destacando a importância de monitorar de perto a saúde pulmonar dos pacientes a longo prazo.