As contas externas do Brasil apresentaram um saldo negativo de US$ 4,579 bilhões em março de 2024, segundo dados do Banco Central (BC). Esse resultado representa um retrocesso em relação ao superávit de US$ 698 milhões registrado no mesmo mês de 2023.
Análise Detalhada:
Superávit Comercial:
- O principal fator para o saldo negativo foi a redução do superávit comercial, que teve queda de US$ 4,2 bilhões.
- As exportações de bens totalizaram US$ 28,484 bilhões em março, queda de 14% em relação a março de 2023.
- Essa queda se deve principalmente à retração dos preços internacionais de commodities, como soja (-11,5%) e petróleo (-35,5%).
- As importações somaram US$ 23,365 bilhões, redução de 1,9% na comparação com março do ano passado.
Déficits em Serviços e Renda Primária:
- Além da queda nas exportações, o aumento dos déficits em serviços e renda primária também contribuiu para o resultado negativo.
- O déficit na conta de serviços – viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros – somou US$ 3,742 bilhões em março, ante os US$ 3,083 bilhões em igual mês de 2023, crescimento de 21,4%.
- As despesas em viagens internacionais tiveram redução de 16,7%, enquanto outras rubricas, como transporte, propriedade intelectual e serviços de telecomunicação, computação e informação, apresentaram aumento.
- O déficit em renda primária – lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários – chegou a US$ 5,970 bilhões, aumento de 6,8% ante os US$ 5,592 bilhões no mesmo mês de 2023.
Financiamento do Déficit:
- Apesar do saldo negativo nas contas externas, o cenário ainda é positivo em relação ao financiamento do déficit.
- Os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 9,591 bilhões em março, um aumento de 30,6% em relação ao mesmo mês de 2023.
- Esse resultado, o maior IDP desde 2012, demonstra a confiança dos investidores na economia brasileira e representa a principal fonte de financiamento do déficit.
- As reservas internacionais atingiram US$ 355,008 bilhões em março de 2024, recuo de US$ 2,303 bilhões em comparação ao mês anterior.
Perspectivas:
- A expectativa é de que os déficits em transações correntes se reduzam nos próximos meses, principalmente devido à recuperação das exportações e à sazonalidade favorável.
- O BC projeta que os investimentos diretos no país cheguem a US$ 70 bilhões em 2024, o que contribuirá para o financiamento do déficit e para a sustentação da posição externa brasileira.
Pontos Adicionais Relevantes:
- O IDP em 12 meses totalizou US$ 66,530 bilhões (2,98% do PIB) em março de 2024, um aumento em relação ao mês anterior e ao mesmo período de 2023.
- As receitas líquidas com juros na conta de renda primária tiveram redução de 11,9% em março de 2024, devido à concentração de receitas em março de 2023.
- O déficit em lucros e dividendos associados aos investimentos direto e em carteira teve aumento de 5% em março de 2024.
- Os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram saída líquida de US$ 72 milhões em março de 2024.
O resultado das contas externas em março de 2024 foi negativo, mas ainda dentro das expectativas do mercado. A queda nas exportações, principalmente de commodities, foi o principal fator para o déficit.
No entanto, o aumento dos investimentos diretos no país demonstra a confiança dos investidores na economia brasileira e representa uma importante fonte de financiamento do déficit. A expectativa é de que os déficits em transações correntes se reduzam nos próximos meses, contribuindo para a melhora da posição externa do país.