O Bolsa Família alcançou um novo patamar em 2023, chegando a 19% dos lares brasileiros, o equivalente a 14,7 milhões de domicílios. Esse recorde histórico representa um aumento significativo na cobertura do programa, que em 2012 atendia apenas 16,6% das famílias.
Expansão durante a pandemia e consolidação em 2023
Com o agravamento da pandemia de Covid-19 em 2020, o Auxílio Emergencial foi criado para auxiliar a população mais vulnerável. Essa medida fez com que a proporção de lares recebendo o Bolsa Família caísse pela metade, para 7,2%. No entanto, o Auxílio Emergencial beneficiou um número expressivo de famílias, elevando a proporção de lares com acesso a outros programas sociais para 23,7%.
Em 2021, com a flexibilização das medidas sanitárias e o fim do Auxílio Emergencial, o Bolsa Família voltou a crescer, alcançando 8,6% dos domicílios. No final do ano, o programa foi substituído pelo Auxílio Brasil, que manteve a base de dados e teve seu valor reajustado para R$ 600.
Em 2023, já sob o comando do presidente Lula, o programa voltou a se chamar Bolsa Família e teve seu valor mantido em R$ 600, com a inclusão de R$ 150 por criança de até 6 anos e R$ 50 por criança ou adolescente entre 7 e 18 anos e gestantes.
Maior impacto nas regiões Norte e Nordeste
O impacto do Bolsa Família é mais expressivo nas regiões Norte e Nordeste, onde 35,5% e 31,7% dos lares, respectivamente, são beneficiados pelo programa. Nos estados do Maranhão (40,2%), Piauí (39,8%), Paraíba (38,8%) e Pará (36,8%), a cobertura é ainda maior. Já no Sul e Sudeste, a proporção de lares beneficiados é menor, com 7,9% e 11,5%, respectivamente.
Redução da desigualdade e renda das famílias beneficiadas
A pesquisa do IBGE revela que o Bolsa Família tem um papel crucial na redução da desigualdade de renda. Em 2023, o rendimento médio domiciliar per capita das famílias beneficiadas pelo programa era 28,5% do rendimento médio das famílias que não o recebiam. Entre 2019 e 2023, o rendimento per capita das famílias beneficiadas pelo Bolsa Família cresceu 42,4%, enquanto nas famílias que não o recebiam, o aumento foi de 8,6%.
Essa diferença no ritmo de crescimento das rendas contribuiu para a redução da desigualdade nas regiões Norte e Nordeste. O Índice Gini, que mede a concentração de renda, teve as maiores quedas nessas regiões, com o Norte recuando de 0,537 para 0,500 e o Nordeste de 0,560 para 0,509, o menor índice já registrado na região.
Fatores que impulsionaram a redução da desigualdade
O analista do IBGE, Gustavo Geaquinto, destaca dois fatores principais que impulsionaram a redução da desigualdade nas regiões Norte e Nordeste:
- Aumento do valor do Bolsa Família: O reajuste do benefício em 2023 teve um impacto positivo na renda das famílias mais pobres.
- Expansão do mercado de trabalho: O aumento da oferta de empregos na região Norte, por exemplo, também contribuiu para a diminuição da desigualdade.
O Bolsa Família se consolida como um programa fundamental para a redução da desigualdade de renda e o combate à pobreza no Brasil. O recorde de cobertura em 2023 demonstra a importância do programa para as famílias mais vulneráveis, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. A expansão do programa e o aumento do valor do benefício contribuíram para o crescimento da renda das famílias beneficiadas e para a redução das disparidades sociais.