Em 2023, uma área alarmante de 3,7 milhões de hectares de floresta primária foi devastada nos trópicos. Isso equivale à perda de dez campos de futebol por minuto ou ao tamanho do Butão. Tanto para as autoridades locais quanto para a comunidade global comprometida com acordos ambientais, o Brasil continua sendo um desafio significativo. Apesar de uma redução de 36% na taxa de desmatamento, principalmente na Amazônia, o país permanece como um dos líderes em destruição florestal.
Esses dados são extraídos do relatório anual do Laboratório de Análise e Descoberta de Terras Globais (Glad) da Universidade de Maryland, que utiliza a plataforma Global Forest Watch (GFW) do World Resources Institute (WRI) para monitorar as florestas em tempo real desde 2014.
Enquanto Brasil e Colômbia registraram melhorias na conservação das florestas, houve retrocessos em países como Bolívia, Laos e Nicarágua. Os especialistas enfatizam que as políticas ambientais implementadas durante o governo Lula tiveram impacto positivo, especialmente as medidas de demarcação de terras indígenas e a aplicação rigorosa das leis ambientais.
Recomenda-se que o Brasil adote uma abordagem equitativa para todos os biomas, pois embora o desmatamento na Amazônia tenha diminuído, o Cerrado experimentou um aumento de 6% e o Pantanal sofreu com incêndios devastadores.
Na Bolívia, a perda de floresta primária aumentou em 27% em 2023, destacando-se como o terceiro país tropical com maior desmatamento. Isso é preocupante, considerando que a área florestal boliviana já é significativamente menor do que a de países como República Democrática do Congo e Indonésia.
Embora a taxa de desmatamento no Brasil tenha caído de 43% para 30% de 2022 para 2023, o país ainda enfrenta uma situação crítica em comparação com outras nações tropicais. O relatório indica uma estagnação na redução da perda florestal ao longo dos anos, o que dificulta o alcance das metas estabelecidas na Declaração dos Líderes de Glasgow até 2030.
Os pesquisadores alertam que o tempo está se esgotando, já que o mundo perdeu entre 3 e 4 milhões de hectares de floresta tropical a cada ano nas últimas duas décadas. O Canadá também é mencionado devido aos incêndios florestais recentes, que aumentaram drasticamente entre 2022 e 2023, e a Indonésia experimentou um aumento na perda de floresta primária, especialmente após a passagem do fenômeno El Niño, embora ainda esteja abaixo dos níveis de 2015.